CATÓLICOS do OESTE | Páscoa

catolicos-do-oeste-e1480525558952Não será do conhecimento comum que Páscoa significa passagem, saída da escravidão para a libertação, ou seja saída do pecado para a graça plena de Deus.
Recentemente assistimos a alguns acontecimentos no mundo do desporto, que a todos entristecem, nomeadamente quando decorriam os primeiros minutos do jogo Rio Tinto-Canelas, a contar para a Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto: a agressão bárbara de que foi vítima o árbitro visado pelo jogador Marco Gonçalves, ainda que este tenha vindo já a público apresentar desculpas a toda a gente.
Aquela joelhada no nariz de José Rodrigues, juiz de 42 anos, provocou-lhe uma tripla fratura no nariz, sendo imediatamente evacuado para o Hospital. No entanto, decorridos apenas alguns dias após este grave incidente, constatamos o elevado caráter do árbitro atingido que veio agradecer as várias mensagens de apoio que estava a receber, dizendo “Nesta altura só penso em recuperar bem. Assim que tiver autorização médica vou voltar a apitar. É a atividade que mais gosto e não será o que se passou no fim-de-semana que me vai afastar da arbitragem. Sou árbitro de competições nacionais e distritais há muitos anos, mas sei que este episódio não representa a realidade que vivo todos os dias nos campos.”
Com a época quase a chegar ao fim, urge acabar com estas demonstrações de força que em nada dignificam o país campeão europeu de futebol. Verificamos com alguma regularidade que nesta modalidade desportiva há maus contributos para que lá fora nos olhem e respeitem como Campeões da Europa que somos.
O que aconteceu em Rio Tinto tem de merecer a mais severa condenação a todos os níveis, e não pode deixar de ter as mais severas consequências, para que não deixe de ser apenas um ato isolado e irrepetível. Marco Gonçalves, jogador entretanto dispensado pelo Canelas, foi presente a um juiz do Tribunal de Gondomar, ficando sujeito a várias medidas de coação.
Este triste acontecimento quase fez relegar para segundo plano os ecos do desafio naquele momento tão importante que foi o Benfica-FC Porto, mas não deixará de ser uma oportunidade para nós refletirmos sobre os jovens que se estão a afirmar na sociedade como frutos do que lhe entregamos como nosso testemunho dos valores cristãos.
Na nossa Paróquia de Caldas da Rainha, quer a nível da Catequese, quer nos encontros com pais, quer ainda no ATL, Infantário e no Ensino Escolar do Centro Social e Paroquial, preocupamo-nos muito em transmitir valores que sejam expressão do respeito e da tolerância na aceitação da diferença.
Diversas vozes da Igreja, ao mais alto nível, têm-se pronunciado sobre a família como o lugar de cultivo da vida e da convivência cristã, no serviço ao próximo. Recentemente o Papa Francisco disse em Milão, Itália, que “a Igreja tem de enfrentar os desafios atuais. Não devemos ter medo dos desafios e ainda bem que é assim. Tantas vezes nos lamentamos desta época e dos seus desafios.”
Não há que ter medo de educar na fé, no mundo descristianizado em que vivemos. Sobretudo educar para a construção do ser humano que amanhã se afirmará e que nos governará.
Precisamos de confiar e de ter esperança. Especialmente nesta Páscoa em que vivemos a saída do mal para o caminho do bem e da edificação humanista, somos chamados a dar testemunho da nossa esperança. Isso significa, em primeiro lugar, perceber a luz e alegria que brotam do Mistério Pascal: Jesus ressuscitou verdadeiramente, está vivo e, pelo batismo, habita em cada um de nós e continuamente renova-nos.

 

Diácono Romero
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº5170
Sexta-feira, 21 de Abril de 2017
Ligação: http://gazetacaldas.com/opiniao/catolicos-do-oeste-pascoa/