CATÓLICOS do OESTE – Reconciliação, sinal de amor

catolicos-do-oeste-e1480525558952Decorreu em Fátima, nos dias 16 a 21 de Julho, o XII Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora (ENS), tendo como lema “Reconciliação, Sinal de Amor”. Este movimento de espiritualidade conjugal tem o objectivo principal de ajudar os casais a viver plenamente o seu sacramento do Matrimónio. Espalhadas pelos cinco continentes, em mais de nove dezenas de países, têm uma forte implantação em Portugal e presença bastante significativa na nossa região do Oeste.
No referido encontro, participaram cerca de quatro mil casais de todo o mundo (sendo três da paróquia de Caldas da Rainha), bem como quatrocentos conselheiros espirituais (bispos e padres). A palavra do filho pródigo, com toda a sua riqueza humana e espiritual, foi fonte inspiradora para a vivência de todo o encontro. Além da celebração e oração conjuntas, foram partilhadas intuições, analisados caminhos, ouvidos testemunhos impressionantes de vivências em casal e em família, feitas reflexões sobre a responsabilidade dos casais, na Igreja e no mundo, aceitando o dom da misericórdia que Deus nos oferece, mostrando-nos o poder curador do perdão.” A misericórdia é esta acção concreta do amor, perdoando, transforma e muda a vida” (Carta Apostólica Misericórdia e Misera, P. Francisco).

A propósito da festa do regresso do filho pródigo e sendo a alegria um dos grandes frutos da reconciliação, não posso deixar de partilhar, para nossa reflexão, um pequeno excerto da meditação de D. José Tolentino de Mendonça: “Entre tudo aquilo que assumimos habitualmente como dever, raramente está de maneira explícita a alegria. Sentimos mais a alegria como um desejo que por vezes se realiza, do que como um dever que em cada dia nos compromete. Mas o pior que nos pode acontecer é investir numa vida acelerada, altamente produtiva, mas que perdeu a capacidade de espanto, a possibilidade da delícia, a ocasião do riso e do júbilo. Temos que nos perguntar se não há um défice de festa nas nossas famílias. A alegria não se reduz a uma forma de bem-estar ou a um conforto emocional, embora se possa traduzir também dessa maneira. A alegria é, fundamentalmente, uma expressão profunda do ser: em bondade, em verdade, em beleza. A alegria não nos vem quando interrompemos a vida: a alegria nasce quando pegamos num dos seus fios, seja ele qual for, e somos capazes de levá-lo criativamente ao seu momento culminante. Em vez de crescermos na severidade, na intransigência, na indiferença, no sarcasmo, na maledicência, no lamento, caminhemos esperançosamente no sentido contrário. Cresçamos na simplicidade, na gratidão, no despojamento e na confiança. Bem-aventuradas as famílias que dizem de si mesmas: “somos um laboratório para a alegria”; “somos uma escola do sorriso”; “somos um ateliê para a esperança”; “somos uma fábrica para o abraço e para a festa”.
O Papa Francisco, na Exortação Amoris Laetitia, refere que o milagre do amor de Cristo se realiza no sacramento do matrimónio, impulsionando-nos a nunca desistir e afirmando que a família não é um ideal abstracto, mas uma «tarefa artesanal» (Cf. AL 16) que se exprime com ternura (Cf. AL 28).
O espaço disponibilizado, não nos permite partilhar toda a enorme riqueza do encontro, mas fica uma prece: Que todas as famílias se tornem comunidades do encontro, do perdão e da festa, dando sentido pleno a “Reconciliação, Sinal de Amor”.

Fernando Alves
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº5239
Sexta-feira, 17 de Agosto de 2018
Fonte: https://gazetacaldas.com/opiniao/reconciliacao-sinal-de-amor-gazeta-das-caldas/