CATÓLICOS do OESTE | Responsabilidade Social

catolicos-do-oeste-e1480525558952Num dos meus exames escritos, do último ano do Liceu, não me recordo, com rigor, se no de Filosofia ou no de OPA (Organização Política e Administrativa da Nação), os alunos eram desafiados a comentar a seguinte frase de Aristóteles: “O homem é um animal social”. Sei, hoje, que Aristóteles fundamenta a sua tese dizendo que a união entre os homens é natural, porque o homem é um ser naturalmente carente, o qual necessita de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude.

O que seria de cada um de nós sem a colaboração de tantos outros? Este sentir de que vivemos na interdependência, leva-me a reflectir, analisando as minhas competências, sobre o que posso dar à sociedade em que estou inserido. Se nada der, vivendo parasitando, que direito tenho a receber? É evidente que só poderá ser exigido a cada um consoante as suas capacidades. E, quantas vezes, o que menos tem, quer em bens materiais quer em capacidade intelectual, é dos que mais dá!…

Somos constantemente desafiados, pelas necessidades dos que vivem próximos de nós, a assumir as nossas responsabilidades sociais, dedicando parte do nosso tempo ao voluntariado solidário. Não fugindo da cidade em que vivemos, onde verificamos que, meritoriamente, muitas pessoas se entregam aos outros em várias áreas de actividade social, já se ouve algum queixume de que faltam pessoas que se disponibilizem para assumir determinadas tarefas, naturalmente de cariz voluntário e, obviamente, sem retorno financeiro.

Se em todos os cidadãos deve estar bem presente este espírito de solidariedade, muito mais deve estar gravado no coração dos cristãos, desafiados à prática da caridade, tema central do presente ano pastoral, na nossa diocese. No texto de apresentação do Programa e Calendário Diocesano para 2019/2020, publicado na página da internet do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente afirma que a caridade deve levar cada cristão a “trabalhar em conjunto” para “melhor servir quem mais precisa de ser atendido”. “Detectar em cada meio aqueles que, estando mais periféricos, mais precisam de ser centralizados na nossa atenção e cuidado é o que procuraremos fazer. Podem ser pessoas ou grupos menos integrados, podem ser os que estão sós e pouco visitados, podem ser os que têm dificuldades de ordem física ou doença, podem ser os que chegam de perto ou de longe e requerem acolhimento”, escreve o patriarca de Lisboa, destacando ainda que “cada comunidade é chamada a verificar a sua situação específica, conforme o território geográfico e sociocultural”.

A caridade leva-nos a compreender, a desculpar, a conviver com todos, de maneira que aqueles que pensam ou actuam de modo diferente do nosso, em matéria social, política ou mesmo religiosa, devem ser objecto do nosso respeito e do nosso apreço. É a caridade que nos dispõe a fazer doação aos pobres, a carregar os fardos alheios e a chorar com os que choram e a alegrarmo-nos com os que se alegram. O apóstolo São Paulo adverte-nos para que “atendamos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb 10,24).

É-nos, assim, lançado o repto para assumirmos, com verdade e rigor, as nossas responsabilidades sociais, no meio em que vivemos.

Fernando Alves
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº 5307
Sexta-feira, 06 de Dezembro de 2019
Fonte: https://gazetacaldas.com/opiniao/catolicos-do-oeste/