CATÓLICOS do OESTE | Eutanásia

catolicos-do-oeste-e1480525558952No início de cada ano é usual ouvirmos dizer:
– Bom Ano Novo!
Nesta expressão, acompanhada de sorrisos e abraços, está impressa a esperança num futuro mais bonito, mais feliz, mesmo quando o passado esteja cheio de tristezas e sofrimentos. O dia 1 de Janeiro é, em cada coração, uma janela aberta para renovar um compromisso com as virtudes teologais.
A Fé, a Esperança e a Caridade são atitudes inerentes ao ser humano, porque precisamos de confiar, de conhecer, de saber, de encontrar em nós as razões para o nosso agir. Toda a acção humana fundamenta-se numa atitude crente, porque quem não crê não age, a acção é consequência de um acreditar no efeito que se irá produzir mediante a causa.
A Fé e a Esperança têm o lugar central na nossa existência. A ausência de acreditar, bem como a ausência dum horizonte de esperança deixa-nos tristes, infelizes porque todos temos uma vontade imensa de felicidade, de bem, de belo, de amor.
Uma vontade enorme de vida, que para o crente é o próprio Deus.
Neste sentido será importante que olhemos para o debate sobre a Eutanásia, que tem tomado conta da Assembleia da República, e ter em consideração que o artigo 24º da Legislação portuguesa diz expressamente: “A VIDA HUMANA É INVIOLÁVEL”, logo não há vidas que valem a pena viver e outras não! Na relação com os doentes há que acrescentar sempre a Fé e a Esperança, considerando a Caridade como elemento essencial, como sublinha o Papa Francisco: “é o lugar em que nos é pedido o amor e a proximidade. Cada um dê amor na forma que lhe é própria… mas que o dê!”
A Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa diz: “Para os crentes, a vida não é um objecto de que se possa dispor arbitrariamente, é um dom de Deus e uma missão a cumprir. E é no mistério da morte e ressurreição de Jesus que os cristãos encontram o sentido do sofrimento. Mas quando se discute a legislação de um Estado laico importa encontrar na razão, na lei natural e na tradição de uma sabedoria acumulada um fundamento para as opções a tomar. O valor intrínseco da vida humana em todas as suas fases e em todas as situações está profundamente enraizado na nossa cultura e tem, inegavelmente, a marca judaico-cristã.”
Como cristãos não podemos ficar indiferentes, não podemos passar ao lado deste debate que pretende introduzir uma mudança à Legislação Portuguesa numa matéria tão específica como a eutanásia que nos é apresentada como um direito, como uma manifestação de liberdade do indivíduo, mas que incorre no risco de se tornar um dever. Internacionalmente é conhecido como efeito rampa deslizante: já que é uma porta que se abre para uma dimensão de facilitismo, como refere a jurista Isilda Pegado: “após a legalização, todo o aquele que se encontre numa situação de dependência, de carência, de se sentir um peso para a família para a sociedade, acaba por ter a “obrigação” de pedir eutanásia. E esta ferida que se abre na sociedade é uma maldade que fazemos a todos, pois todos podemos cair nessa situação.”
Tendo em conta que devemos estar bem informados e capazes de responder em consciência sobre uma matéria de vida ou morte nas várias Vigararias da zona Oeste haverá um ciclo de conferências muito importantes e esclarecedoras às quais não devemos faltar.
A Fé, a Esperança e a Caridade são a força vital e a forma expressiva da existência humana. A vida tem sentido quando se sabe porque é que se foi criado e para quê. De onde vimos e para onde vamos é a condição essencial para saber aqui e agora como havemos de viver. Sem isso, viver é perder tempo porque no presente não se reconhece a permanência da eternidade na qual fomos criados e para a qual toda a vida se ordena.
A todos um Santo Ano!

Margarida Varela
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº5209
Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2018
Ligação: https://gazetacaldas.com/opiniao/catolicos-do-oeste-eutanasia/