CATÓLICOS do OESTE | Ir ao encontro dos reclusos

catolicos-do-oeste-e1480525558952Os reclusos são pessoas que precisam e acolhem a solidariedade. Não podem ser vistos como indivíduos que não têm uma vida, história, identidade, que não têm nada mais do que um número de identificação e uma pena para cumprir, pois só com o esforço de todos é possível dar aos mais desfavorecidos um novo sentido de vida, contribuindo para a sua dignificação humana e reinserção social.
Impossibilitados que estão de se deslocarem à igreja, para participar na Eucaristia de Natal, é dever e obrigação dos Católicos ir ao encontro destes irmãos que se encontram privados de liberdade. Como tal, no passado dia 21 de Dezembro, a comunidade paroquial de Caldas da Rainha, representada pelo Pároco, padre Joaquim Costa, e um número bastante significativo de cristãos, esteve no Estabelecimento Prisional de Caldas da Rainha, a celebrar, em Eucaristia, o nascimento do Deus Menino.
Foi um momento bastante rico de vivência cristã, onde todos nós nos sentimos mais irmãos em Cristo, cientes do mandamento do Senhor “Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a toda a Criatura” (Mc,16,15).
A Igreja não pode abdicar de continuar a acompanhar a vida das pessoas, dentro das prisões, pese, embora, o facto de terem cometido crimes, pelos quais lhes foi retirada a liberdade. O Grupo de Colaboradores do Assistente Religioso Católico (Visitadores) teve um papel importante na dinamização deste momento de Celebração.
O referido Grupo tenta, igualmente, ao longo de todo o ano, estar próximo da comunidade prisional, levando-lhes uma palavra de esperança e de conversão, bem como ajuda para encontrar um novo sentido para as suas vidas, sem falsos moralismos ou atitudes piegas.
À semelhança de anos anteriores, o Grupo este Natal procurou envolver a sociedade civil, no sentido da partilha de bens materiais, a favor dos reclusos. Foi reconfortante verificar que a palavra solidariedade ainda faz bastante sentido nos nossos dias, já que muitas empresas, estruturas autárquicas, comunidades cristãs e pessoas anónimas contribuíram para que fosse possível proporcionar aos reclusos uma ceia de Natal (servida após uma agradável tarde de espectáculo musical, oferecido por artistas da Região) e um lanche após a celebração da Eucaristia, bem diferentes dos servidos diariamente.
Nem todos os donativos monetários recebidos foram gastos nestes eventos, pelo que serão utilizados, ao longo do ano, em ações concretas de apoio aos reclusos, umas de caráter coletivo e outras direcionadas para aqueles que não recebem qualquer suporte familiar ou não têm possibilidades económicas.
A forma generosa e desinteressada como muitos responderam ao apelo de colaboração com o Grupo de Visitadores, na sua acção pastoral, junto dos detidos, foi um sinal claro de que a partilha está no íntimo dos seus corações. Aqui encontramos o estímulo e ajuda preciosos para se continuar a desenvolver actividades, junto daqueles que não podem ser excluídos da mensagem divina e da ajuda humana e espiritual, independentemente dos seus comportamentos anteriores.
Aproveito este espaço para, em nome de todos os que usufruíram das vossas preciosas ofertas, agradecer a solidariedade demonstrada. O nosso sincero obrigado, com a certeza de que “Cristo procura encontrar-se com cada ser humano, em qualquer situação que se encontre” (mensagem de São João Paulo II, por ocasião do Jubileu dos Cáceres, 09 de Julho de 2000).

Fernando António Alves
Grupo de Visitadores da Cadeia
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº5207
Sexta-feira, 05 de Janeiro de 2018
Ligação: https://gazetacaldas.com/opiniao/ir-ao-encontro-dos-reclusos/