CATÓLICOS do OESTE | Santa Teresa de Ávila

catolicos-do-oeste-e1480525558952Só Deus basta!

Há uma rotunda nas Caldas da Rainha com uma escultura belíssima que tem por nome A Levitação de Santa Teresa de Ávila, o autor é o escultor José Esteves. Vejamos em traços largos um pouco da vida desta mulher que inspirou gerações:

É na Primavera de 1515 que nasce em Ávila, cidade castelo, Teresa de Ahumada y Cepeda. Esta menina será para o mundo o expoente máximo da mística cristã, uma mulher ímpar, Doutora da Igreja, La Santa, como a apelidam os espanhóis. Teresa é uma mulher intemporal, inteligente, sensível, fora do seu tempo, mas com profundo conhecimento do tempo onde vive e de si própria, porque tem um profundo conhecimento de Deus. Santa Teresa lega ao mundo uma doutrina e uma mensagem que apaixona o crente e o não crente pela “complexa simplicidade”, pela determinação com que abraça o serviço aos outros, pela forma como se deixa conduzir por Deus a quem chamada de ”O Amado” e de “Formosura que excede”, pela verdade e pelo amor que coloca em toda a entrega que faz.

É uma mulher excepcionalmente doce, mas ao mesmo tempo duma teimosia impressionante. Sabe-se conduzida por Deus, por isso, não cede a provocações nem a perseguições que lhe fazem, muitas delas vindas do interior da Igreja. As denúncias dos erros são para ser feitas apontando respostas e sobretudo rezando pelos seus opressores. Uniu à mais alta contemplação uma intensa actividade como reformadora da Ordem Carmelita. A oração contemplativa foi sempre a fonte de todas as suas obras. Encerra em si a dinâmica de Maria e de Marta porque a contemplação leva à acção, faz jus ao nome de “Santa Andarilha” percorrendo toda a Espanha com o seu bastão peregrino.

Talvez o mais impressionante para a maioria das pessoa seja o dom da levitação, que consumava durante as celebrações eucarísticas ou nos encontros com São João da Cruz, porém, para mim o que mais me rede a esta mulher é o entendimento de Deus, os diálogos de profunda intimidade que tinha com Ele como por exemplo: “Senhor, se estou a cumprir as Tuas ordens, porque tenho tantas dificuldades no caminho? Deus respondeu-lhe: – Teresa, não sabes que é assim que trato os meus amigos? Teresa, honrando o seu génio respondeu: – Ah, Senhor, então é por isso que tens tão poucos amigos!”… Maravilhoso!

Uma existência consumida na Espanha quinhentista, mas que se dilata aproveitando à Igreja de todos os tempos e lugares. Beatificada pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizada em 1622 por Gregório XV. É a primeira mulher a quem a Igreja confere o título de Doutora da Igreja, pela mão do Santo Padre Paulo VI, a 27 de Setembro de 1970. No dia da proclamação Paulo VI rejubila dizendo: “Como é grande, como é única, como é humana e como é atraente esta figura!”

Seria bom lermos algumas das suas obras como: O Livro da Vida, Moradas do Castelo Interior ou o Caminho de Perfeição… experimentem!

Teresa foi tão singular na vida como na morte. Perpetua o “Matrimónio Espiritual” na noite de 4 para 15 de Outubro de 1582 (esta foi a noite em que o calendário foi ajustado para o Gregoriano) em Alba de Tormes, repetindo humildemente: “No fim, morro como filha da Igreja” e “Meu Esposo, chegou a hora de nos vermos”.

Margarida Varela
Catequese de Adultos
paroquiacaldasdarainha@gmail.com
Artigo de opinião publicado na Gazeta das Caldas na edição nº 5301
Sexta-feira, 25 de Outubro de 2019
Fonte: https://gazetacaldas.com/opiniao/catolicos-do-oeste/