Sobre

A Paróquia de Nossa Senhora do Pópulo de Caldas da Rainha é uma circunscrição eclesiástica do Patriarcado de Lisboa, que coincide com as freguesias de Nossa Senhora do Pópulo e de Santo Onofre do Concelho de Caldas da Rainha, Distrito de Leiria. Actualmente integra a Vigararia de Caldas da Rainha-Peniche que agrupa um total de 26 paróquias.

História

Em 1488, com o apoio da Rainha D. Leonor e intervenção de D. Jorge da Costa, Cardeal de Alpedrinha, foi iniciado o plano de construção de um Hospital dedicado a Nossa Senhora do Pópulo, de modo a servir todos aqueles que acorriam às caldas de Óbidos. O Papa Alexandre VI autoriza a construção da igreja anexa ao Hospital em 1495, sendo responsável o arquitecto Mateus Fernandes. Em 1496 é concedido o direito a uma capelania privativa para a Igreja do Hospital, que é finalmente concluída por volta de 1500. Com o aumento da povoação, D. Leonor faz um pedido ao Papa para a «celebração do ofício romano na sua capela das Caldas». O Papa Júlio II aprova a solicitação e a igreja passa a ser referida como Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pópulo, e com isto, recebe a pia baptismal.
Em 1546 é construído o coro-alto com a respectiva escada de acesso pelo exterior e um novo portal na entrada da igreja.
Durante o séc. XVI são ainda construídas a Ermida de São Sebastião (1509), a Igreja do Espírito Santo (155?) e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (1591) que acabou por ser demolida em 1834 devido ao estado de degradação em que se encontrava, dando espaço à actual Praça da Fruta.
Em 1620 foi construída uma nova fachada norte (adro) na Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, integrando as estruturas acrescentadas em 1546. Esta fachada acabou por ser demolida em Maio de 1967 com as obras de reposição da traça primitiva, data a partir da qual o acesso ao coro-alto passou a ser feito por uma escada circular no interior da própria igreja.

Durante o séc. XX, com o crescimento populacional da cidade, foi necessário construir um novo templo. O Pe. José Teodoro Marques da Silva, pároco entre 1944 e 1953, foi incumbido de orientar esta iniciativa, recorrendo à ajuda do povo cristão. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, com projecto do Arquitecto Vasco Regaleira, foi solenemente dedicada em 21 de Outubro de 1951 pelo Cardeal D. Manuel Cerejeira, Patriarca de Lisboa, e chega até aos dias de hoje com poucas alterações, entre as quais se destacam as adaptações no presbitério conforme a Reforma Litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II.

O Centro Paroquial de Caldas da Rainha, anexo à igreja, foi inaugurado pelo Cardeal D. António Ribeiro, Patriarca de Lisboa, em 1992, ano do seu jubileu episcopal. É constituído por várias salas, bar, salão, pequeno auditório e livraria.

Orago

Representação de Nossa Senhora do Pópulo, atribuída a Josefa de Óbidos (c. 1670-1675)

O termo italiano “Santa Maria del Popolo” refere-se à basílica com o mesmo nome situada na Piazza del Popolo, junto ao monte Pincio, que está também associada ao título cardinalício instituído por Sisto V a 13 de Abril de 1587.
A Igreja de Santa Maria del Popolo tem a sua origem no ano de 1099, segundo uma lenda que se encontra narrada num baixo-relevo situado num dos arcos próximos do altar. No local onde a igreja foi edificada existia um álamo ou choupo (do latim Populus) que crescia sobre a sepultura do Imperador Nero, famoso por ter perseguido os cristãos onde se incluía o próprio São Pedro. A população temia aquele local, considerando infestado por espíritos demoníacos evocados pelo esqueleto de Nero sob a forma de corvos, e ansiava por um local de culto para exorcizar a praça.
O Papa Pascoal II, após uma aparição de Nossa Senhora que lhe pediu para edificar um templo em sua honra, mandou derrubar o álamo infestado dos tais espíritos maléficos e constrói a primeira capela dedicada à Mãe de Deus e dos homens, a Nossa Senhora do Povo.
Em 1231 a capela é ampliada e é inaugurada pelo Papa Gregório IX. A igreja é então resconstruída entre 1472 e 1477 por Baccio Pontelli e Andrea Bregno por mandato do Papa Sisto IV que a coloca actualmente como um bom exemplo da arquitectura renascentista italiana. No interior, as suas várias capelas laterais pertenciam a cardeais ou outras individualidades de Roma, nas quais em alguns casos foram erigidos os respectivos túmulos.

D. Jorge da Costa, o famoso Cardeal de Alpedrinha, foi um desses casos: adquiriu a capela dedicada a Santa Catarina de Alexandria ao Cardeal Domenico della Rovere por 200 ducados no ano de 1488. O Cardeal de Alpedrinha foi Bispo de Évora e quando se mudou para Roma, manteve o arcebispado de Lisboa que entretanto lhe fora atribuído. Serviu directamente vários papas e era, por isso, bastante influente em Roma. Foi a ele que a Rainha D. Leonor recorreu para a aprovação do seu hospital, na altura fora do comum por ser numa zona rural e totalmente voltado para a água termal. Dada a proximidade das datas da fundação do Hospital (1485) e da aquisição da capela na Igreja de Santa Maria del Popolo (1488), presume-se que tenha sido o cardeal a sugerir o orago do Hospital. O primeiro documento a referir a invocação de Nossa Senhora do Pópulo é a bula de Alexandre VI datada de 3 de setembro de 1496. Esta referia-se à “Capella em homrra sob a jnvocaçam da muyto gloriosa Virgem Maria do poppulo”. Antes desta data não se conhecem referências à invocação do hospital ou da sua igreja.

Fontes